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A celebração do Carnaval em Torres Vedras no ano 1925 👺🤡

Assim foi descrito a celebração do Carnaval de 1925 em Torres Vedras. 

Existiu a receção a “S. M. El-Rei D. Carnaval III e S. Augusto Filho o Príncipe Real D. Lamurias”, e à sua espera, na estação de comboios, aguardava a “S. M. a Rainha”, o corpo diplomático, o povo e “todas as forças de terra e mar”. Antes da sua chegada existiu uma alvorada pela “charanga da armada do mar do Curvel”. Quando chega à estação é feito a “entrega das chaves da vila”. Que de seguida em cortejo, percorreram as principais ruas e visitaram a C. G. T (Casino, Grémio e Tuna). Nesse dia também existiu o casamento de sua “Alteza o Príncipe Real D. Lamurias” com “D. Micaela, Duquesa da Porcalhota” na “Sala do Real Paço” do Grémio Artístico ou na Praça da Republica.

Houve o “bodo aos pobres”, este ano, realizado pela Associação dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras e acompanhado pela Filarmónica Torreense. Que desfilaram pelas ruas de Torres Vedras na colheita de donativos para os pobres. Nota: no ano 1895 também existiu o “bodo aos pobres”.

Existiram programas de espetáculos e de divertimentos no Grémio Artístico-Comercial, na Tuna Comercial Torreense e no Cine-Teatro.

E é noticiado os perdidos e achados, da noite de terça-feira de Carnaval, na Tuna Comercial Torreense.


Nota: Nesta altura, o Carnaval “sujo” de rua e as “paródias”, não eram muito bem vistos pelas classes altas, religiosas e políticas. Achando essas brincadeiras de Carnaval “sem graça” ou algo não “digno de menção”. Existindo editais, no distrito, a proibir algumas vendas e brincadeiras. Para as paródias de grupo acontecerem (como também as procissões religiosas), nas ruas de Torres Vedras, teria que existir um pedido de autorização para essa realização.


Aqui poderá ler os textos completos.      

«Rei Carnaval

Da Comissão organizadora da receção a S. Majestade o Rei Carnaval, recebemos o programa dos festejos a realizar no dia 16, o qual nos apraz publicar pela sua excelente e aprimorada organização.

Vemos com prazer que a Comissão não se poupou tanto a despesas como a trabalho e que conjuntamente com o respetivo ministério preparou os festejos de forma a que S. Majestade fique grata a todos os seus vassalos e admiradores, que todos os anos se esforçam por lhe prestar homenagens condignas.

Assim, alem da receção na Estação do Caminho de Ferro, pelas 10,30, cortejo, parada de todas as forças de terra e mar, visita ás coletividades e banquetes de gala, determinou o Conselho de Ministros que fosse escolhida a Sala do Real Paço do Grémio Artístico, para a noite se realizar o casamento de sua Alteza o Príncipe Real D. Lamurias. Sua Alteza que ainda o ano passado menino recém-nascido, foi batizado com grande pompa, como o público se deve recordar, este ano por milagre do Sol está crescido, belo e apto para tomar as rédeas do governo e contrair matrimónio com a Duquesa Micaela, aia de Sua Augusta Mãe.

Devem, pois, resultar brilhantes as festas da corte, a que não faltará decerto todo o elemento militar, corpo diplomático, etc., etc.

Que seja bem-vindo o Rei Carnaval e que a Torres Vedras traga a alegria própria do seu espirito alegria própria do seu espirito alegre e folgazão, são os votos sinceros de todos os torreenses que entendem que tristezas não pagam dividas.

Por conseguinte, novos e velhos toca a rir e a folgar.

De resto, esta vida são 2 dias e quem se rala morre cedo.»

Texto d’ “O Torreense” a 12 de fevereiro de 1925. *1

Texto original:

«Carnaval

Nas sociedades de recreio desta vila, GRÉMIO ARTISTICO – COMERCIAL e TUNA COMERCIAL TORREENSE, realizam-se nos três dias de carnaval interessantes e graciosas festas, pelas quais se nota já grande entusiasmo.

Segundo estamos informados, os promotores destas festas não se teem poupado a trabalhos e despesas, o que tudo faz prever que devem resultar deveras atraentes, como, aliás, tem acontecido nos anos anteriores.

A empresa exploradora do Cine-Teatro também promove interessantes espetáculos para os três dias de carnaval, que serão abrilhantados pela graciosa e afamada “divette” portuguesa Georgina Gonçalves, que fará apreciar nos seus mais aplaudidos números do seu variado e seleto reportório.»

Texto d’ “O Torreense” a 19 de fevereiro de 1925. *1

Texto original:

«Bodo aos pobres

A briosa e humanitária Corporação dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras promove no próximo dia 22 do corrente mês, nesta vila, um bando precatório, a fim de angariar donativos para um bodo a distribuir aos pobres no dia de terça-feira de Entrudo.

É uma ideia feliz e interessante que nos apressamos a aplaudir, não só pelo acrisolado espirito de humanitarismo que traduz, mas também porque, dalguma maneira, se destina a levar um pouco de alegria a alguns lares cheios de tristeza e de protegidos da sorte folgam e riem despreocupadamente.

Bem hajam, pois, os briosos e humanitários Bombeiros Voluntários de Torres Vedras por mais este seu gesto de elevada filantropia, que duma maneira singular e interessante vai enriquecer o seu activo de relevantes serviços à causa da Humanidade.»

Texto d’ “O Torreense” a 19 de fevereiro de 1925. *1

Texto original:

«S. M. El-Rei Carnaval

Chegam amanhã no comboio das 13,30 horas, acompanhados dos seus oficiais as ordens, S. M. El-Rei D. Carnaval III e S. Augusto Filho o Príncipe Real D. Lamurias, que serão esperados na gare por S. M. a Rainha, pelo corpo diplomático, pelos regimentos da guarnição e pelo povo.

S. Alteza, que tem andado em viagem de estudo sobre educação cívica, regressa à corte cheio de esperança no elevamento do nível moral do seu amado povo.

Tudo se conjuga para que a receção a SS. MM. Revista a maior pompa até hoje nunca vista, pois a comissão promotora das festas tem sido incansável na organização do programa, como os leitores podem ver:

Programa

Às 7,30- Alvorada pela charanga da armada do mar do Curvel, e salva de 21 tiros pelos obuses do Castelo.

As 13,30- Chegada de S. M e S. A. À gare da C. P, apresentação do corpo diplomático, entrega das chaves da vila e formação do cortejo que percorrerá as principais ruas e visitará a C. G. T. (Casino, Grémio e Tuna).

Às 15- Realisar-se-há na Praça da Republica para que todos os seus vassalos possam assistir, o casamento de S.A. o Príncipe Real D. Lamurias, com D. Micaela, Duquesa da Porcalhota, aia de S. Majestade a Rainha. Em seguida SS. MM. e SS. AA. Passarão revista a todas as forças de terra e mar.

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Cine-Teatro

Hoje, amanha e terça-feira, realisam-se três espetáculos cinematográficos com programas escolhidos, exibindo-se nas três noites a notável coupletista portuguesa Georgina Gonçalves, que deliciará o publico com o seu vasto e atraente reportório.

É de presumir três noites agradáveis noites, dado o programa atraente e a época em que se exibe.»

Texto d’ “A Nossa Terra” a 22 de fevereiro de 1925. *1

Texto original:

«O Carnaval

em Torres, só poderá ter larga animação se todos os influentes se munirem de ARTIGOS CARNAVAVLESCOS na

Filial Africana»

Texto d’ “A Nossa Terra” a 1 de março de 1925.

Texto original:

«O CARNAVAL

Decorreram relativamente animados os três dias de folia carnavalesca, nesta vila, principalmente nas coletividades recreativas, onde os sócios e suas famílias se divertiram bastante, danando-se com entusiasmo até de manhã.»

Texto d’ “A Nossa Terra” a 1 de março de 1925. *1

Texto original:

«O Carnaval dos pobres

Sabedores dos deveres que a si mesmos impunham vestindo a gloriosa farda de bombeiros, teve o Corpo Ativo da Associação dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras a feliz ideia de promover para terça gorda um bodo aos pobres que resultou brilhantismo. No domingo desfilou pelas ruas da vila a Direção e Corpo Ativo dos nossos briosos voluntários, acompanhados por um gracioso grupo de meninas, pegando na bandeira da Associação e seguidos pela Filarmónica Torreense, tocando alguns dos melhores números do seu escolhido reportório.

A colheita de donativos foi relativamente abundante, provando-se mais uma vez que o bom povo da nossa terra está sempre pronto a secundar as obras de caridade e que, no meio das alegrias e folguedos próprios da quadra carnavalesca não esqueceu aqueles a quem a desgraça e a miséria persegue e definha.

Pelas 12 horas de terça-feira foi distribuído no quartel dos Bombeiros o bodo a 150 pobres, constando de meio quilo de carne, 250 gramas de toucinho, meio quilo de arroz, 2 pães e 2$00 de dinheiro.

Nessa ocasião recebeu-se dum generoso anonimo a importância de 300$00, sendo metade enviada ao Asilo de S. José e a outra metade distribuída pelos 19 pobres mais necessitados.

Durante o bodo que foi distribuído por senhoras e meninas das famílias de associados, tocou a Filarmónica Torreense, que se tornou, por este motivo, ainda mais credora do reconhecimento de todos quantos à pobreza dispensaram auxílio e amizade.

São dignos dos maiores votos de louvor todos os Bombeiros Voluntários de Torres Vedras por tão simpática iniciativa, que veio tirar ao Carnaval nesta vila aquela feição vã e meramente de todas as tristezas, de fingidas mostras de geral alegria.

Os nossos cumprimentos, pois, a Associação dos Bombeiros de Torres Vedras, com o desejo ardente de que a sua vida económica se robusteça com auxílio de todos aqueles que lhe reconhecem quanto de útil e proveitoso a sua boa organização traz à sociedade.»

Texto d’ “A Nossa Terra” a 1 de março de 1925. *1

Texto original:

«Bodo aos pobres

Como noticiamos, no domingo gordo realizou-se nesta vila um bando precatório, da iniciativa da Benemérita Corporação dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras, em ação conjunta com a Filarmónica Torreense.

Os briosos e humanitários bombeiros torreenses foram incansáveis em angariar donativos, sendo também distinta e galhardamente coadjuvados por um grupo de gentis e galantes meninas desta vila, pelo que o bando produziu uma colheita muito apreciável.

Durante o cortejo, foi distribuído o interessante soneto “Vigília”, com cuja publicação «O Torreense» honrou as suas colunas, da autoria do sr. António Fivelim Costa, ilustre presidente da Direção da Associação dos Bombeiros Voluntários.

Na terça-feira de Entrudo, e na sede da Humanitária Corporação, foi distribuído a cento e tantos pobres o bodo que constou de meio quilo de carne, 250 gramas de toucinho, meio quilo de arroz, 2 pães e 2$00 em dinheiro.

A distribuição do bodo que foi feita por gentis damas das famílias dos sócios da Benemérita Associação, assistiu o Diretor de «O Torreense» que, muito desvanecidamente, agradeceu o convite que lhe havia sido dirigido para assistir a tão simpática como caritativa festa.

Renovando as nossas felicitações à briosa e altruísta Corporação dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras, por mais este seu gesto em prol da humanidade, fazemos votos para que a ideia perdure e frutifique.»

Texto d’ “O Torreense” a 5 de março de 1925. *1

Texto original:

«Tuna Comercial Torreense

Pede-se a pessoa que na noite de terça-feira de Carnaval, por engano, levou trocada uma mantilha, nova, de seda, o favor de a entregar nesta sede das 20 horas em diante.

Também se entrega uma pele para senhora a quem provar pertencer-lhe.»

Texto d’ “O Torreense” a 5 de março de 1925. *1

Texto original:

Imagens deste ano

Transcrições de Torres Vedras Antiga

*1-Arquivo: Biblioteca Municipal de Torres Vedras

Conheça aqui vários registos sobre a celebração do Entrudo/Carnaval em Torres Vedras (descobertos até agora e em atualização):

No século XVI (1/1/1501-31/12/1600).

No século XVII (1/1/1601-31/12/1700).

No século XVIII (1/1/1701-31/12/1800).

No século XIX (1/1/1801-31/12/1900).

No século XX (1/1/1901-31/12/2000).

No século XXI (1/1/2001-31/12/2100).

Poderá ver mais curiosidades em Torres Vedras Antiga

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