Assim foi descrito a celebração do Carnaval de 1896 em Torres Vedras.
Na rua existiu “uma mascara ou outra” e “um ou outro cartucho de pós”. No Grémio Artístico – Comercial e no Grémio de Torres Vedras existiram programas de espetáculos e de divertimentos carnavalescos. Houve as “quarenta horas” na Igreja de S.Pedro. E existiu a procissão de cinzas nas ruas de Torres Vedras.
Nota: Nesta altura, o Carnaval “sujo” de rua e as “paródias”, não eram muito bem vistos pelas classes altas, religiosas e políticas. Achando essas brincadeiras de Carnaval “sem graça” ou algo não “digno de menção”. Existindo editais, no distrito, a proibir algumas vendas e brincadeiras. Para as paródias de grupo acontecerem (como também as procissões religiosas), nas ruas de Torres Vedras, teria que existir um pedido de autorização para essa realização.
Aqui poderá ler os textos completos.
«Procissão de cinzas
Realiza-se no domingo, 23, a procissão das cinzas, feita pela irmandade da venerável ordem terceira, desta vila, ereta na igreja de S. Tiago. E’ orador o ver. Frei Domingos de Jesus Maria José, do colégio do Varatojo. Também nos constas que a procissão será acompanhada pela Phylarmonica Torreense, e Fanfarra União Torreense.
——O——
Grémio Artístico
Dizem-nos que no próximo sábado e domingo devem realizar-se duas récitas no bonito teatro daquele grémio.
——O——
Triduo
Domingo, segunda e terça-feira, realizar-se-ão, na forma do costume, na igreja de S. Pedro, desta vila, as «quarenta horas», sendo orador o ver. Cónego António Francisco da Silva, durante os três dias.»
Texto publicado n’ “A VINHA DE TORRES VEDRAS” a 13 de fevereiro de 1896. *1
Texto original:
«CARNAVAL
Velho e folião de antigas eras perde dia a dia aquela jovialidade que lhe achavam os nossos pais, e hoje arrasta-se para ai numa alegria de moribundo, gasto no correr dos seculos.
Nas ruas de Torres Vedras uma mascara ou outra destituída de vida, um ou outro cartucho de pós, eis em que se resumiu o Entrudo. E assim passou o Carnaval, que para o ano venha mais alegre.
—–O——
Recita e bailes
O Grémio Artístico-Comercial, com a solicitude e bom gosto com que costuma promover diversões aos seus associados, deu-nos no sábado e domingo passado duas aprazíveis récitas, sendo para notar não só a boa ordem e cabal desempenho dos papéis, como a animação e alegria que sempre reinou.
Agradecemos penhorados o amável convite que nos fizeram, sentindo não termos podido assistir senão aos dois últimos atos. Em que se representou “Efeitos do vinho novo”, onde Francisco Alves Revelou dotes de artista, e “Verduras da mocidade”, comédia muito engraçada, em que José Miranda desempenhou o seu papel com tanta naturalidade, que recebeu muitos aplausos.
Na segunda e terça-feira deu ainda o Grémio dois bailes de mascaras, onde vimos alguns bonitos costumes, e entre eles fazemos menção dos srs. Trindade iam muito bem vestidos.
Na terça-feira á noite foi servido com profusão sandwiches, doces e licores. Achavam-se presentes todos os diretores, que com a amabilidade que lhe é peculiar foram os próprios a servir os seus consócios.
A sala de baile estava simples mas artisticamente adornada, produzindo um belo efeito.
Cumpre-nos, pois, felicitar a direção pelo seu esmero e bom gosto.
—–O——
Também dizem que no Grémio de Torres Vedras houve baile, que durou até tarde.
Texto d’ “A VINHA DE TORRES VEDRAS” a 20 de fevereiro de 1896. *1
Texto original:
Transcrições de Torres Vedras Antiga
*1-Arquivo: Biblioteca Municipal de Torres Vedras
Conheça aqui vários registos sobre a celebração do Entrudo/Carnaval em Torres Vedras (descobertos até agora e em atualização):
➡ No século XVI (1/1/1501-31/12/1600).
➡ No século XVII (1/1/1601-31/12/1700).
➡ No século XVIII (1/1/1701-31/12/1800).
➡ No século XIX (1/1/1801-31/12/1900).
➡ No século XX (1/1/1901-31/12/2000).
➡ No século XXI (1/1/2001-31/12/2100).
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